As plantas utilizam uma variedade de fitormônios, os quais tem a função de modular o desenvolvimento vegetal. O ácido abscísico (ABA) é um hormônio vegetal sintetizados principalmente em folhas maduras e sementes. O fitormônio, é produzido a partir do ácido mevalônico nos cloroplastos e em outros plastídios. Quando sua produção é realizada pelas raízes, o transporte ocorre através do xilema para a parte aérea, e como esse transporte se dá pela corrente de transpiração, ocorre a regulação da perda de água via controle estomático. O transporte é considerado rápido, com velocidade de 24 a 36 mm hora-1, enquanto o transporte das auxinas é de 4 a 9 mm hora-1 (FAGAN et al., 2015).
Está presente em todas as plantas vasculares, em musgos e em vários gêneros de fungos. Sua ação é diferente da auxina e da citocinina, pois possui uma característica inibitória no que diz respeito ao crescimento. Além de se envolver na dormência de sementes e no fechamento estomático, principalmente quando a planta está sujeita a uma situação de estresse ambiental.
Sobre a sua função de retardar a germinação de sementes, a quebra da dormência relaciona-se à queda dos níveis do hormônio ABA. A dormência é relacionada com a produção de uma substância inibidora pelo embrião, em especial o ácido abscísico, e a ausência de um composto promotor, como o hormônio giberelina. Dessa forma, o balanço entre esses dois hormônios no interior das sementes poderá contribuir para a quebra da dormência.
Outro papel antagônico desses hormônios está na síntese de enzimas hidrolíticas em sementes, que são essenciais na degradação das reservas armazenadas durante a germinação. O ácido abscísico é conhecido por inibir a produção dessas enzimas, enquanto a giberelina promove.
Sendo assim, a germinação somente irá ocorrer quando os níveis de ácido abscísico estiverem baixos. O controle da dormência é muito importante, pois evita que uma semente germine em condições desfavoráveis, como um inverno extremamente rigoroso. Além da dormência em sementes, o ABA também garante a dormência das gemas.
Possui a característica de conferir certa tolerância à desidratação e ao frio, sendo este um papel fundamental, pois evita a destruição de componentes das células, como as membranas.
Exercem grande influência nos estômatos, que são as estruturas responsáveis por controlar a entrada e saída de gases da planta, sendo importantes, portanto, no processo de transpiração, fotossíntese e respiração. Um estômato mantém-se aberto quando as células-guarda estão túrgidas, mas se fecha quando elas ficam flácidas. O ABA atua reduzindo a pressão de turgor e, consequentemente, fechando o estômato.
Nota-se um aumento na concentração endógena de ABA quando os tecidos vegetais submetidos a estresses ambientais. Temperaturas extremas, excesso ou falta de chuva e/ou de sol influenciam no metabolismo vegetal, modulando a atividade hormonal e a participação do ácido abscísico em respostas a esses fatores. A concentração deste hormônio pode aumentar dezenas de vezes sob condições de seca e a elevação da umidade reduz a concentração de ácido abscísico devido ao aumento da sua degradação nas células, o que leva a reabertura estomática.
O ABA está envolvido em vários processos bioquímicos e fisiológicos, pois promove a síntese e acúmulo de antocianinas, pigmento que está diretamente ligado ao desenvolvimento da cor. Na prática, aplicações exógenas de ABA proporcionam aumento no teor de antocianinas na casca de uvas, antecipando a época de colheita, melhorando consideravelmente sua coloração e proporcionam maior uniformidade e qualidade.
Quanto mais intensa a cor da uva, mais interessante se torna do ponto de vista funcional e do processamento, devido ao fato de que as uvas de cor escura apresentam maior conteúdo de compostos fenólicos, além da capacidade antioxidante, anticarcinogênica e antiviral (ABE et al., 2007). Segundo Gardin et al. (2012), a aplicação exógena de ABA demonstrou efeito significativo, o qual promoveu aumento do grau de maturação da uva ‘Cabernet Sauvignon’, com as doses de 200 e 400 mg L-1 de ABA mais etefom, aplicado na mudança de cor da casca, indicado pelo aumento do índice CIRG (índice de cor para uvas tintas) com o aumento da concentração aplicada. Esses resultados demonstram que o ABA exerce efeito na maturação das uvas, principalmente por influenciar na coloração e na uniformidade.
Publicações sobre Hormônios Vegetais
ABE, L.T.; MOTA, R.V.; LAJOLO, F.M.; GENOVESE, M.I. Compostos fenólicos e capacidade antioxidante de cultivares de uvas Vitis labrusca L. e Vitis vinifera L. Ciência e Tecnologia de Alimentos, v.27, p.394-400, 2007.
FAGAN, E. B.; ONO, E. O.; RODRIGUES, J. D.; CHALFUN JUNIOR, A.; DOURADO NETO, D. Fisiologia vegetal: reguladores vegetais. Andrei, 300 p., 2015.
GARDIN, J. P. P., SCHUMACHER, R. L., BETTONI, J. C., PETRI, J. L., & de SOUZA, E. L. Ácido abscísico e Etefom: Influência sobre a maturação e qualidade das uvas Cabernet Sauvignon. Revista Brasileira de Fruticultura, 34, 1-327, 2012.