A arquitetura vegetal é um importante fator de produtividade da cultura. Promover o melhor egalhamento do cultivar e entender como manejar isso em soja é fator de sucesso para produtividade.
O que temos visto nos últimos anos, devido ao melhoramento genético em soja, a altura das plantas de soja tem sido significativamente reduzida, principalmente com o objetivo de diminuir os problemas de acamamento, reduzir o autosombreamento, ter uma maior resposta à nutrição e aumentar a inserção de vagens no terço inferior da plantas.
Para melhor gerenciar como podemos aumentar a formação de melhores arquitetura vegetal e a formação das estruturas vegetativas a partir dos nós de crescimento, é importante entender as principais características das plantas quanto ao seu hábito de crescimento.
Em cultivares de hábito determinados ocorre a interrupção abrupta do crescimento no estádio R1 enquanto as folhas continuarão a desenvolver-se nas ramificações. Essas plantas tem seu florescimento ocorrendo ao mesmo tempo em todos os nós da planta, assim como a formação de vagens e grãos, as folhas tem uma certa uniformidade em tamanho, e as plantas apresentam um longo racimo terminal no ápice do caule.
A arquitetura vegetal dos cultivares de hábito indeterminado, o número de nós no caule principal aumenta até o estádio R5, sendo que o número final ocorre devido o número de dias do V1 a R5.5, sendo o crescimento linear, com a formação de um nó a cada 3,7 a 5 dias (Pedersen, 2007 citado por FLOSS, 2021), dependendo da temperatura.
Deixar claro essas diferenças nos ajuda a entender quando e como devemos organizar nosso manejo para aproveitar com mais assertividade as características de cada cultivar. Ainda assim apenas determinações genéticas não são sufucientes para ter a resposta em estruturação de formação de galhos e estatura das plantas.
O professor Elmar Floss em seu livro “Maximizando o rendimento da soja” apresenta que a estatura das plantas de soja, dependem de muitos fatores, tais como:
a) cultivar;
b) época de semeadura;
c) população de plantas;
d) disponibilidade de água;
e) temperatura;
f) hábito de crescimento;
g) disponibilidade de nutrientes; e,
h) dias nublados.
Cada um destes itens apontados gera muitos outros assuntos, porém nesta postagem vamos nos atentar em como garantir que a característica da cultivar possa se expressar com melhor desempenho a estruturação vegetativa adequada para a maior expressão de produtividade, ou seja como moldar a arquitetura de plantas.
Arquitetura vegetal
A arquitetura vegetal de soja tem aparecido como um importante fator de produtividade da cultura. Esse componente afeta diretamente em como será a interceptação de luz solar durante o ciclo.
O número de entrenós e o seu comprimento na haste principal, assim como o número e comprimento de ramificações, comprimento e número de folhas são o conjunto de aspectos estruturais que levam ao entendimento de como deve ser a melhor uma arquitetura da planta.
Componentes da estrutura vegetal para Produtividade
Número de ramos
Os Ramos produtivos garantem a estruturação necessária para o arranjo de estruturas reprodutivas que se transformarão em vagens. A característica genética da cultivar determina o potencial de formação desses ramos, porém fatores ambientais podem comprometer a eficiência das suas formações
Número de nós
Os nós reprodutivos são fator chave para a formação de produtividade pois é deles que vão surgir as flores e vagens, consequentemente. No entanto é preciso que haja um equilíbrio hormonal alinhado a atenuação de estresses para que a diferenciação de gemas ocorra de maneira satisfatória para uma maior a produtividade.
Área foliar
Na cultura da soja a alteração da atividade fonte (folhas) durante o florescimento e enchimento de grãos, normalmente resulta na alteração do numero de vagens e grãos, indicando uma função fundamental das folhas nesse período. Manter uma quantidade equilibrada de área foliar garante o abastecimento adequado para os grãos e não exige que a planta transloque energia para estruturas vegetativas no momento errado, comprometendo a distribuição correta para os grãos.
Número de Vagens
rincial componete de rendimento da soja. A fixação das vagens (pegamento) é limitado pelos estresses bióticos e abióticos. A conversão da flor em vagens é estimulado pelo maior teor de citocininas e pela baixa concentração de etileno e ácido abscísico.
A arquitetura de plantas no manejo
Normalmente quando vemos cultivares de soja com eficiência na interceptação de luz no terço inferior, também é notado uma maior eficiência na deposição de gotas dos produtos aplicados , levando ao melhor controle sanitário e consequentemente melhor produtividade.
Para um bom desenvolvimento de estruturas vegetativas é preciso haver o crescimento e desenvolvimento de raízes de forma adequada. Dessa forma o incremento no volume radicular pode refletir diretamente no aumento do crescimento da estrutura da parte aérea.
Com melhor sistema radicular à absorção de água e nutrientes e à regulação do crescimento da parte aérea pela produção de hormônios neste local (ácido abscísico, citocinina e estrigolactona), proporcionam uma resposta em desenvolvimento de parte aérea satisfatório para o aumento de estruturas vegetativas.
Estímulos para arquitetura de plantas
O Hormônio considerado chave para a formação de ramificações da parte aérea de plantas, é a citocinina. Esse hormônio atua na divisão celular, mobilização de nutrientes e longevidade foliar. Sua produção ocorre no ápice das raízes e translocado para a parte aérea das plantas através do xilema.
Como a citocinina também age na diferenciação de gemas laterais para formação de ramificações, plantas com maior volume de raízes apresentam grande potencial de desenvolvimento de ramificações da parte aérea.
Dessa forma, o aumento na concentração de citocinina em plantas de soja pode ser uma opção interessante, pois tem se buscado o aumento do número de nós pela redução da distância dos entrenós e/ou aumento no número de ramificações, nessa cultura.
Como já apresentado anteriormente, o nó representa uma gema reprodutiva, que pode formar um racemo contendo várias flores. Isso determina o aumento na “caixa produtiva” que fisiologicamente é designada por aumento no potencial de formação de flores.
Elaboração do artigo: Deyvid Bueno
Criador do Agrotécnico, engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal do Mato Grosso (UFMT), Especialista em Fertilidade do solo e nutrição vegetal pela FAZU, MBA em Gestão, Empreendedorismo e Marketing pela UFRS. Atualmente, Gerente de Desenvolvimento de Mercado na Fertiláqua/ICL.
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