Os Bioestimulantes em plantas podem ser aplicados de todas as formas habituais e apresentam resultados extremamente satisfatórios. Para entender um pouco mais sobre essas substâncias , trouxemos um texto com alguns resultados e trabalhos bem significativos.
Além da definição que trouxemos em outro conteúdo sobre bioestimulantes estes, também são definidos como mistura de reguladores vegetais ou biorreguladores com outras substâncias como sais minerais, extratos de algas, microrganismos e aminoácidos (Dabadia, 2015).
Essas substâncias tem aplicações via tratamento de sementes, em sulco, de forma localizada no colo da planta e pulverizações foliares. Estas aplicações promovem a resposta das plantas em diversos processos metabólicos, são favoráveis à expressão do potencial genético, promovem o equilíbrio hormonal e estimulam o crescimento radicular (Ramos et al., 2015).
Podem ser aplicados via semente, via solo e via foliar. Os bioestimulantes apresentaram vantagens em seu uso em várias culturas, dentre elas a melancia, milho, feijão, soja, maracujá, uva, tomate, amendoim, sorgo e cenoura.
Há diversos tipos de bioestimulantes com concentrações e formulações diferentes mas sempre mantem as substâncias da classificação que apresentamos na publicação “Bioestimulantes em plantas : Ativos e efeitos gerais” em Biorreguladores , Aminoácidos , Substâncias Húmicas, Extrato de Algas.
Os produtos com formulações que contém auxinas, citocininas, giberelinas, etileno, dentre outros hormônios, estão classificados como Biorreguladores no grupo de hormônios vegetais.
É interessante pontuar que as substâncias húmicas também podem ter ação hormonal, estimulam a absorção mineral das plantas, o desenvolvimento radicular e o crescimento celular, mas apresentam características que a destituem de outros compostos. Uma delas é a sua origem proveniente de matéria orgânica do solo.
Fatores que interferem na aplicação de bioestimulantes em plantas
Afinal, se bioestimulantes trazem benefícios para as plantas, por que alguns trabalhos revelam que não promovem esses efeitos tão esperados?
Primeiramente, deve-se entender cada sistema de cultivo, conhecer as exigências de cada material genético utilizado e a ecofisiologia do sistema realizado.
Cada sistema de cultivo adotado interfere de maneira particular nas propriedades químicas, físicas e biológicas do solo e isso afeta diretamente a relação solo-desenvolvimento da planta.
Além disso, a alocação de materiais genéticos em regiões que sejam adequadas às suas exigências fisiológicas, características intrínsecas da espécie, o manejo nutricional, o manejo integrado de pragas bem como a tecnologia de aplicação de herbicidas são fatores que contribuirão para o melhor desempenho da cultura.
Feito isso, parte-se então, para as tecnologias novas, que irão somar com todas essas estratégias conferindo maior resistência às plantas diante dos estresses abióticos e bióticos.
Contudo, vale destacar que a dose do bioestimulante, a fase de desenvolvimento da cultura e a qualidade da aplicação na qual esses produtos serão aplicados vão influenciar totalmente sobre os resultados esperados.
Embora cada aplicação implique em um aumento no custo, não adianta aproveitar uma aplicação de controle de pragas e inserir junto um bioestimulante que não seja compatível ou que não seja o momento de ser aplicado sobre as plantas ou que as condições edafoclimáticas não sejam adequadas. Esses “timer” devem ser seguidos à risca e realizados de maneira correta, no momento correto e na quantidade correta.
De modo geral, os hormônios são constituintes dos vegetais e desempenham suas respectivas funções no metabolismo. O aprimoramento de técnicas que permitam utilizá-los, sejam eles de origem vegetal ou sintético, nas diferentes culturas, constituem mais um avanço para as práticas agrícolas que visam explorar o potencial agrícolas. Cabe aos profissionais da área juntamente com os produtores estarem dispostos à inovação e disponíveis à experiência de utilizá-los “in loco”, em suas realidades e sistemas de cultivos.
Resultados com a aplicação de bioestimulantes em plantas
Existem diversos trabalhos realizados com a aplicação de bioestimulantes em diferentes culturas. Foram elencados alguns exemplos de trabalhos com a aplicação de bioestimulantes divididos conforme sua maneira de aplicação, ou seja, bioestimulantes aplicados via sementes, pulverizados no sulco de semeadura e via foliar.
Bioestimulantes via sementes
Estudos realizados pela Universidade Estadual Paulista – UNESP, Botucatu-SP, evidenciaram os efeitos positivos da utilização de bioestimulantes via semente na cultura do maracujá . O bioestimulante empregado é constituído por 0,005% de ácido índolbutírico (auxina), 0,009% de cinetina (citocinina) e 0,005% de ácido giberélico (giberelina)
As sementes de maracujá que foram submetidas à aplicação de bioestimulantes apresentaram aumento nas porcentagens de germinação e emergência de plântulas, maiores comprimentos e diâmetro de caule, número de folhas e área foliar, bem como maior massa da matéria seca de folha, caule e raiz, e comprimento da raiz principal das plântulas, conforme mostram as tabelas abaixo.
Com o intuito de aumentar a produtividade dos campos de produção de milho, a aplicação de bioestimulantes também tem sido utilizada diante de seus benefícios como melhora do desempenho fisiológico das plantas.
Estudos conduzidos pela Universidade Federal do Tocantins, utilizaram três bioestimulantes testando-os de forma isolada e em diferentes combinações e verificaram que os bioestimulantes proporcionaram o melhor incremento em diversas características fitotécnicas dessa cultura.
As características filotécnicas avaliadas foram altura das plantas, diâmetro do caule, área foliar, massa seca das folhas, massa seca do caule e massa seca das raízes, sendo que para todas essas, o uso dos bioestimulantes promoveu melhores desempenhos quando comparados ao da testemunha, conforme pode ser constatado nos gráficos abaixo.
Legenda: Os bioestimulantes eram constituídos por: aminoácidos, sulfatos de Zn e Mn, citrato de Fe, ácido bórico, molibdato de amônio e citrato de ferro (T2), formulado a base de extrato de algas marinhas (Ascophyllum nodosum) que contém fitohormônios naturais como auxinas, citocininas e giberelinas, molibdênio e ácido (T3), fertilizante orgânico obtido por fermentação biológica natural através da bactéria do gênero Brevibacterium sp. (T4) e suas combinações T5 (T3+T4) e T6 (T2+T4).
Fonte: Santo et al (2013)
Constataram também que tanto as formas de aplicação via sementes quanto via foliar favorecem as características fitotécnicas na cultura do milho.
Bioestimulantes via foliar
O uso de bioestimulantes pode promover um melhor crescimento e desenvolvimento das plantas. No entanto, deve-se entender o melhor momento para que a aplicação seja eficiente e promova uma maior e rentabilidade.
Estudos realizado pela Faculdade de Engenharia de Ilha Solteira, com a aplicação de bioestimulantes via foliar em dois cultivares de soja, sendo uma convencional (Conquista) e a outra geneticamente modificada (Valiosa RR), mostraram mais benefícios em decorrentes dos bioestimulantes.
O bioestimulante é composto por três hormônios vegetais: 0,009 % de cinetina, 0,005% de ácido giberélico e 0,005 % de ácido indolbutírico, sendo aplicado em diferentes estádios de desenvolvimento das plantas para verificar qual seria o melhor momento e, consequentemente, melhor aproveitamento pela planta.
A utilização do bioestimulantes nos duas cultivares de soja incrementou o número de vagens por planta e a produtividade de grãos tanto pela aplicação via sementes quanto via foliar. Considerando ainda a produtividade, a fase que resultou em sua maior efetividade foi quando aplicado na fase reprodutiva, conforme mostra o gráfico abaixo.
Destaque em vermelho para os valores menores obtidos com a testemunha e, os demais, em verde para os valores superiores obtidos com a aplicação dos bioestimulantes.Fonte: Adaptado de Bertolin et al (2010)
A aplicação de bioestimulantes via foliar também é estudada em hortaliças a fim de analisar sua interferência no crescimento e no número de frutos.
Em um trabalho realizado pela Universidade Estadual de Maringá-PR, foram analisados os efeitos de somente bioestimulantes e associados ou não com biofertilizantes e micronutrientes no crescimento e no número de frutos e de racimos da cultura do tomate.
O bioestimulante utilizado nesse trabalho era à base de aminoácidos e ácidos nucléicos, obtidos por meio da quebra de proteínas de origem animal e vegetal por processo enzimático cujas garantias do fabricante continha N (11%), matéria orgânica (25%) e aminoácidos (mínimo de 20%).
A aplicação via foliar foi iniciada aos 14 dias após o transplante a campo, os resultados indicam que o número de frutos e número de pencas de tomate foram maiores quando utilizado o bioestimulante em comparação à testemunha na qual não houve nenhuma aplicação, conforme figura:
Destaque em vermelho para os valores menores obtidos com a testemunha e, em coloração verde, os valores maiores obtidos com a aplicação dos bioestimulantes.Fonte: Adapatado de Tanaka et al (2003)
Os benefícios do uso de bioestimulantes, neste caso, podem ser relacionados também com mais uma alternativa de práticas agrícolas que são permitidas em cultivos orgânicos, nos quais são restritos o uso de qualquer forma de adubo químico prontamente solúvel.
Bioestimulantes via solo
Os bioestimulantes à base de microrganismos, sejam eles vivos ou a partir de seus metabólitos, constituem-se uma alternativa potencial ecologicamente correta para melhorar a eficiência de uso dos fertilizantes, tornando os cultivos produtivos e rentáveis.
Em um trabalho realizado pela Universidade Estadual de Ponta Grossa-PR, foi estudado a influência da aplicação de um bioestimulante aplicado via solo em pré-semeadura da soja sobre a nutrição de plantas e no rendimento de grãos de soja.
Constatou-se o incremento do rendimento de grãos conforme o aumento da dose de bioestimulante, sendo que a máxima produtividade de grãos de soja (3890 kg ha-1) seria obtida com a dose de 3,5 L ha-1 de bioestimulante. Isso significou um aumento de 8% (287,2 kg ha-1) no rendimento de grãos em comparação ao controle (sem a aplicação do bioestimulante), conforme figura:
A produção de milho responde por um segmento de grande importância tanto alimentar quanto no aspecto agronômico. Para tanto, é necessário a utilização de sementes de alta qualidade dentre outros fatores que contribuem para a produtividade.
Com isso, tem-se demanda por diferentes tecnologias que permitam explorar o potencial genético das espécies utilizadas, destacando-se o uso de bioestimulantes.
Em um estudo conduzido pela Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” Universidade de São Paulo, objetivou-se determinar desempenho agronômico de plantas de milho e de feijão com uso de bioestimulante em diferentes doses e formas de aplicação.
O produto utilizado foi composto de 0,5 g L-1 ácido indol butírico (auxina), 0,9 g L-1 de cinetina (citocinina) e 0,5 g L-1 de ácido giberélico (giberelina), com oito doses e três maneiras de aplicação tratamento de sementes, pulverização no sulco de semeadura e via foliar). Os resultados indicam que a aplicação do produto promoveu efeitos benéficos, confira:
Os autores atribuem a não existência de respostas para a produtividade de grãos de milho devido às condições climáticas, nutricionais e sanitárias favoráveis durante a condução da cultura.
Já avaliando a cultura do feijão, a aplicação de bioestimulantes promoveu maior média de número de grãos por planta e maior rendimento (produção), conforme tabela:
(Destaque em vermelho para os valores menores obtidos com a testemunha e, os demais, em verde para os valores superiores obtidos com a aplicação dos bioestimulantes)
Além disso, neste mesmo estudo é possível observar a qual aplicação do bioestimulante via tratamento de sementes e no sulco de semeadura, nas diferentes doses, além da pulverização foliar, conferiu maior produção de grãos, de 20,26 a 27,37%, em relação à testemunha. Com isso, pode constatar que o uso de bioestimulantes proporciona benefícios tanto para a cultura do milho quanto para a cultura do feijão.
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